terça-feira, 23 de março de 2010

Infecções Pós-parto

Infecções Puerperais

O médico suspeita que uma mulher apresenta uma infecção puerperal (que ocorre no pós-parto) quando ela está com uma temperatura de 38,3°C ou mais em duas ocasiões distintas com um intervalo mínimo de 6 horas depois das primeiras 24 horas após o parto e quando não existe uma outra causa evidente (p.ex., bronquite). Mesmo durante as primeiras 12 horas após o parto, uma temperatura de 38,3°C ou mais pode ser sinal de uma infecção, embora provavelmente não o seja. As infecções relacionadas directamente ao parto ocorrem no útero, na área que circunda o útero ou na vagina. Infecções renais também podem ocorrer logo após o parto. Outras causas de febre (p.ex., coágulos sanguíneos nos membros inferiores ou uma infecção mamária) tendem a ocorrer 4 dias ou mais após o parto.

 

Infecções Uterinas

As infecções puerperais geralmente começam no útero. Uma infecção do saco amniótico (as membranas que contêm feto e o líquido amniótico que o envolve) e a febre durante o trabalho de parto podem resultar em uma endometrite (infecção do revestimento uterino), em uma miometrite (infecção da musculatura uterina) ou em uma parametrite (infecção das áreas em torno do útero).

Em determinadas condições, as bactérias que vivem na vagina saudável podem causar uma infecção após o parto. Essas condições, as quais aumentam a vulnerabilidade da mulher às infecções, incluem a anemia, a pré-eclâmpsia (hipertensão arterial, proteinúria [presença de proteínas na urina] e o edema [retenção líquida] durante a gestação), exames ginecológicos repetidos, um tempo superior a 6 horas entre a ruptura das membranas e o parto, o trabalho de parto prolongado, a cesariana, a retenção de fragmentos da placenta dentro do útero após o parto e a hemorragia puerperal (sangramento excessivo após o parto).

Os calafrios, a cefaléia, a sensação de mal-estar generalizado e a perda de apetite são comuns. Geralmente, a mulher apresenta palidez, aumento da frequência cardíaca e um número anormalmente elevado de leucócitos. O útero tornasse doloroso e macio. A secreção do útero, a qual pode variar em quantidade, é fétida. Quando os tecidos que circundam o útero são afectados, a dor e a febre são intensas. Os tecidos inflamados mantêm o útero doloroso e volumoso fixo no lugar. As complicações podem incluir a peritonite (inflamação do revestimento abdominal) e a tromboflebite pélvica (coágulos sanguíneos nas veias pélvicas), com o risco de embolia pulmonar (deslocamento de coágulos sanguíneos até os pulmões). As toxinas (substâncias venenosas) produzidas pelas bactérias que causam as infecções podem atingir níveis elevados na corrente sanguínea (endotoxemia), podendo levar ao choque tóxico, uma condição potencialmente letal na qual a pressão arterial cai dramaticamente e a frequência cardíaca aumenta. O choque tóxico pode acarretar uma lesão renal grave e inclusive a morte.

 

Diagnóstico e Tratamento

Para diagnosticar uma infecção, o médico examina os pulmões e o útero da mulher e solicita a realização de culturas de amostras da urina e da secreção uterina. Ele tenta prevenir ou tratar as condições que podem acarretar infecções. O parto vaginal raramente causa uma infecção. Quando ela ocorre, geralmente é realizada a administração intravenosa de um antibiótico até a mulher não apresentar febre por 48 horas.

 


Infecção Renal

A pielonefrite (infecção renal), causada por bactérias que se disseminam a partir da bexiga, pode ocorrer após o parto. Algumas vezes, a infecção é decorrente da passagem de uma sonda na bexiga para eliminar a urina acumulada durante e após o trabalho de parto. A infecção pode iniciar durante a gestação, com a presença de bactérias na urina mas sem sintomas.

Quando os sintomas ocorrem, eles podem incluir a febre alta, a dor na região lombar ou no flanco, uma sensação de mal-estar generalizado, a constipação e, ocasionalmente, a dor à micção. Geralmente, é realizada a administração intravenosa de um antibiótico até a mulher não apresentar febre por 48 horas. É realizado o exame de amostras de urina para a identificação das bactérias e o antibiótico é trocado quando as bactérias apresentam resistência a ele.

A mulher continua o tratamento com antibióticos orais por 2 semanas após deixar o hospital. A ingestão de grandes volumes de líquido ajuda a manter uma boa função renal. Uma outra amostra de urina é examinada 6 a 8 semanas após o parto, para se verificar a não permanência de qualquer bactéria.

 

Outras Infecções Puerperais

A febre que se manifesta 4 a 10 dias após o parto pode indicar a presença de uma tromboflebite de safena (presença de um coágulo sanguíneo no membro inferior), a qual é tratada com calor, enfaixamento e elevação do membro. Anticoagulantes podem ser necessários. A tuberculose latente pode ser reactivada após o parto e é tratada com antibióticos.

A febre que ocorre mais de 10 dias após o parto é frequentemente causada por uma mastite (infecção mamária), embora a cistite (infecção da bexiga) também seja comum. Essas infecções são tratadas com antibióticos. Uma mãe com uma infecção mamária deve continuar a amamentação porque ela reduz o risco de formação de um abcesso mamário. Esses abcessos são raros, são tratados com antibióticos e, geralmente, são drenados cirurgicamente.

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