terça-feira, 23 de março de 2010

Hemorragia puerperal

A hemorragia puerperal é a perda superior a meio litro de sangue durante o trabalho de parto, quando a placenta é expulsa. Este distúrbio é a terceira causa mais comum de morte materna durante o parto, após as infecções e complicações da anestesia. As causas de hemorragia puerperal variam e a maioria delas é evitável. Uma das causas é o sangramento da área onde a placenta descola do útero. Esse sangramento pode ocorrer quando o útero não contrai adequadamente por ter sido distendido excessivamente, pelo trabalho de parto prolongado ou anormal, pelas múltiplas gestações ou pela administração de um anestésico miorrelaxante durante o trabalho de parto. A hemorragia puerperal também pode ser causada por lacerações produzidas por um parto espontâneo, por tecido (em geral partes da placenta que não descolaram adequadamente) que não foi expelido durante o parto ou por uma concentração sanguínea baixa de fibrinogênio (um importante factor de coagulação do sangue). A perda sanguínea grave geralmente ocorre logo após o parto, mas pode ocorrer até um mês mais tarde.

 

Prevenção e Tratamento

Antes da mulher entrar em trabalho de parto, o médico institui medidas para evitar a hemorragia puerperal. Uma delas consiste no tratamento de doenças como a anemia. Uma outra é a obtenção do máximo possível de informações relevantes sobre a gestante. Por exemplo, saber que a mulher possui uma quantidade maior de líquido amniótico, uma gestação múltipla, um tipo sanguíneo incomum ou se ela apresentou episódios anteriores de hemorragia puerperal pode permitir ao médico preparar-se para enfrentar possíveis distúrbios hemorrágicos. O médico tenta intervir no parto o mínimo possível. Após a placenta ter descolado do útero, é administrada ocitocina à mulher para ajudar o útero a contrair e reduzir a perda sanguínea. Quando a placenta não descola espontaneamente até 30 minutos após a liberação do concepto, o médico a remove manualmente. Quando a expulsão foi incompleta, ele remove os fragmentos remanescentes manualmente. Em casos raros, fragmentos infectados da placenta ou de outros tecidos devem ser removidos cirurgicamente (por curetagem). Após a expulsão da placenta, a mulher é monitorizada por pelo menos uma hora para se assegurar que o útero contraiu e também para se avaliar o sangramento vaginal. Quando ocorre um sangramento intenso, o abdómen da mulher é massajado para auxiliar a contracção do útero e, a seguir, a ocitocina é administrada continuamente através de um cateter intravenoso. Quando o sangramento persiste, a mulher pode necessitar de transfusão sanguínea.

O útero pode ser examinado, verificando-se a presença de lesões ou de fragmentos retidos de placenta e de outros tecidos. Esses tecidos podem ser removidos cirurgicamente. Ambos os procedimentos exigem o uso de um anestésico. O colo do útero e a vagina também são examinados. Uma prostaglandina pode ser injectada na musculatura uterina para ajudar na sua contracção. Quando o útero não pode ser estimulado para que contraia e reduza a hemorragia, pode ser necessária a realização de uma ligadura de artérias que levam sangue ao útero. Devido à abundante irrigação sanguínea da pelve, este procedimento não produz um efeito duradouro após o sangramento ser controlado. A histerectomia (remoção do útero) é raramente necessária.

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